quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Carros velhos: Traumas sem danos.

Olás...

Houve um tempo - bom, diga-se! - que foi bem divertido. Lembranças boas, que valeram tê-las vivido, feito um balanço.

Todo tipo e marca de carros já tivemos, poder-se-ia afirmar,  sem medo de errar, e do pior ao melhor, da sucata ao carro novo, zerado.  


O meu primeiro carro foi uma Brasília, de "5ª mão". Comprada com meu salário, e sequer sabia dirigir. Mas, mesmo assim, fazia diariamente o percurso residência x trabalho x residência, levando um amigo, como cobaia. Meu desespero começava quando era preciso passar por alguma ladeira, de subida. Ficava aguardando, no início da ladeira, o sinal de trânsito abrir, e engatava a primeira! Nem pensar parar pelo meio, porque o carro fazia todo o percurso... de volta.  Nesse tempo, o meu local de trabalho era no centro da cidade, enfrentando o trânsito (ainda nem tão... caótico das metrópoles).

Motoristas passavam por mim - ou melhor, ultrapassavam "por cima" do meu carro, de tão lenta que dirigia:o velocímetro não passava dos 40km/h. Gritavam-me para eu guiar o fogão lá de casa, e sair das ruas. E levei tudo na brincadeira, porque eles estavam  (um tanto) certos. 

Meu amigo, sentado no carona, ao meu lado, agora percebo, devia gostar muito de mim, porque sujeitar-se a morrer assassinado pelas minhas mãos ao volante... só estando muito apaixonado. Mas continuamos vivos e, vez por outra, rimos muito dessas situações do passado.

Depois de uns dois anos sofrendo com a Brasília, comprei outro carro (a Brasília ficou tantas vezes no "prego", emperrada feito jegue, no meio das avenidas, que penso ter tido mais horas empurrando carro do que mesmo dirigindo-o, àquela época).

Mas nas trocas subsequentes, foi como trocar seis por meia dúzia. Só dores de cabeça. Carro de quinta categoria só pode mesmo dar problemas na "rebimboca da parafuseta" (pelo menos era esse o problema que o(s) mecânico(s) dizia(m) que o carro apresentava.

No dia do exame prático de direção, a prova de baliza,  eu estava -  àquela época, em 1980 -, grávida da primeira filha. Lembro que foi tudo ridículo. Eu nem sabia como colocar um carro, com  marcha a ré, numa vaga, ou na garagem. O fiscal disse que eu estava errando... e não era pouco; e, para piorar, o pai da minha filha - ainda no ventre - começou a rir das minhas barbeiragens: carro totalmente indo ao contrário do que seria o certo.

Como ele me amava muito, tentou me consolar, dizendo que eu iria conseguir, mas... ele ria tanto dizendo isso, que era impossível acreditar que estivesse "do meu lado". 

Nem tive dúvidas! Saí do carro e mandei o fiscal e ele tomarem banho onde os patos tomam e deixei o carro ali mesmo, portas abertas e, chorando, apanhei um táxi e fui para casa, sozinha. Até hoje, quando ele tem oportunidade de comentar sobre o episódio, a risada é total. Bom, continuo sem saber colocar o carro, na garagem, usando a marcha a ré. Mas já consigo ficar parada em uma ladeira sem puxar o freio de mão. Está bem, admito: evito as ladeiras bem acentuadas!

Saí dos carros de segunda mão (totalmente imprestáveis, às vezes), para um "zerinho". E foi logo uma camioneta, cabine dupla, a diesel. Quero mesmo é dirigir um ... Scania (mas isso é sonho ainda não realizado. Só quero isso  uma vez. Basta-me!).

Adorei dirigir carros grandes. Três  anos depois, outra camioneta, zero, cabine dupla. Meu xodó. 
Saudades de ti...

Mas confesso, tenho saudade de um carro em particular: a Rural. 

Tantas histórias. Tantas alegrias. Tantas farras. O retorno do sítio, já noite, nos finais de semana! E, muito mais, pela atenção que ela despertava por onde passávamos. Era única! Foram tantas as propostas de compras. E sempre foi negado vendê-la.

Da Rural, e de algumas dessas vivências... restam fotografias. As outras lembranças, que não puderam ser "fotografadas", estão registradas em nossos livros da Vida.

"Arruma a mala aê, que a Rural vai arribá..."

Até namorar na Rural, namorei... mas depois foi ruim empurrar, no escuro,
 porque não funcionava

Mamãe Coruja


9 comentários:

  1. Ou seja, a Rural "só pegava de empurrão" :O)
    As saudades que eu tenho da minha Lilinha... uma Renault 4L em 4ª mão...

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  2. Para a São...só mesmo umA Lilinha, não é?

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  3. Pois eu não tenho saudades de carro nenhum, para mim, o melhor é sempre o último!... Adoro escolher o carro que quero comprar, ando meio ano a escolher, e 3 meses depois de andar com ele, já me apetece escolher outro!...
    O texto está uma delícia.

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  4. Se eu pudesse comprar um carro todo mês,Alfredo, eu teria prazer imenso,porque sou um pouco como tu: após ter saído da concessionária, já "acho" que o carro está velho, ou já quero outro modelo.
    Por duas vezes, saí para passear e voltei com a camioneta, e agora com o atual. Nem era intenção comprar carro!
    Mas se já vejo um trafegando, igual ao meu... já quero mudar de carro (coisa de loucos!).
    Obrigada... pelo comentário ao texto (Aqui no blog decidi que seria simples nas palavras. A linguagem rebuscada fica para a vida profissional, que me exige essa postura).

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  5. Tenho muitas saudades da primeira rural. A verde e branca.
    Foram muitas idas e vindas ao colégio.

    Att,

    Gustavo

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    1. E muitas histórias...rss
      Há pouco, conversávamos- Maíra, Mariúcha, Victor e eu- durante o almoço, antes de deixá-lo - mais uma vez - ao Aeroporto, sobre tudo isso.
      Acho que temos boas histórias de vida, apesar de tudo. Temos, sim.
      Beijos...

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