domingo, 27 de abril de 2014

Escalpe

Olás...


Resgatei algumas  das minhas divagações. Estavam em papel  amarelado  pelo tempo. Maio de 1997: precisamente dia  23. Jovem e preocupada com a Natureza. E continuo fiel a algumas causas, felizmente. 

Era um alerta  sobre as  recorrentes queimadas na  Região, num  caminhar em direção a um futuro deserto. Algo  foi feito de lá para  cá,  mas ainda teimam em praticar o  "floresnocídio", ou seja, o extermínio  deliberado das árvores, da  floresta, enfim.

Escalpe

Fuja desse virtual
Desse assassínio atroz,
Onde ferem a mata amiga
Destruindo vida, vidas.

Esquecem dos filhos,
Que não viverão, jamais!
Deleito dos rios,
Secarão, afinal.

Saara, ora... para quê?
Só  você que não quer ver.

Só me restará, por igual,
Chorar as  lágrimas, verão!
Num mar de queimadas
Meus ipês nunca rosa  serão.

Saara, ora... para quê?
Só você que não quer ver.

Prendi o meu canto
Não ouvi sabiá
Esca(l)pei as penas,
A árvore sangrei.

Saara, ora... para quê?
Só você que não quer ver.

Você e eu, meu amor,
Tiramos a pele
Fetiche de boto
Dançamos ao som de um tambor!

Saara, ora... para quê?
Só você que não quer ver.


Mamãe Coruja

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