quinta-feira, 13 de novembro de 2014

É só deitar na rede ... e relaxar.

Olás...

Adoro comer peixe, mas  tiradas as espinhas, claro! Quem vive comigo disso já sabe. Quem não convive, fica sabendo, porque logo quero mostrar o sabor do tambaqui assado na brasa, ou como caldeirada, que também é uma delícia. Da sardinha fritinha, nem se fala: que venha com espinhas e tudo!

Quando a comida é boa e o lugar é daqueles que a gente, literalmente, quer ficar  para dormir, tudo fica bom ao dobro.

Manaus tem  um lugar assim, para se estar com a  família e amigos, especialmente se caiu uma chuvinha e o clima ficou ameno. O restaurante fica em meio às plantações de jaqueiras e seringais, de onde se pode admirar a Ponte Rio Negro. Pena que só funciona para almoço, porque a vista deve ser exageradamente linda, à noite. 

O lugar do qual  falo já foi destaque neste blog, em:
http://chamamamae.blogspot.com.br/2014/03/um-recanto-apenas-para-estar.html

Como resistir a uma rede, sob o céu límpido? Jogar conversa fora, de papo para o ar? 





Mas há um cantinho também especial, que é a casa da ex-sogra. Distante 80km de Manaus, quando posso vou por lá, também para saborear um tambaqui, especialmente feito para nós (o sabor é até outro, porque colocam "amor e dedicação" no tempero). É como sempre digo  - e ainda hoje repeti isso a uma colega de trabalho - : nada é tão bom e salutar do que  se viver uma história de amor e, quando acaba, continuar a amizade e a admiração - até com a sogra!

Aliás, o  último "tambaquisão" saboreado por lá  ainda está me  dando água na boca, até agora.

Mas quando aquela vontade de churrasco vem à tona... ah! aí adoro o La Parrilla Grill. Um local gostoso, por tudo. Garçons atenciosos e o tempero é perfeito. É por lá que também gosto de reunir a família, especialmente quando chegam minhas "visitas"  preferidas, que a saudade da distância me faz chorar no travesseiro.
http://www.laparrilla.com.br/

Manaus já foi conhecida como a "Paris dos Trópicos".  Durante a Copa/2014, sendo  cidade-sede dos jogos, foi considerada por uma pesquisa como a melhor cidade, que soube receber seus turistas.  Quem por aqui esteve, vindo de qualquer canto do mundo, saiu encantado com esse povo bom e hospitaleiro.

Defeitos? Manaus têm muitos, como toda cidade que cresce, que se desenvolve. Mas soubemos  e sabemos ser anfitriões dos melhores, mesmo tendo somente nosso caboquês e jeito indígena  para mostrar. 

Só sei dizer uma coisa: turista que vem a Manaus... sai "Até o tucupi/ até o talo", no vocabulário caboquês  - mais que satisfeito !


Mamãe Coruja



11 comentários:

  1. E eu só de ler fiquei " tucupi/ até o talo"
    Boa noite

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    1. Dom, bom dia, porque somente agora acessei - pela manhã - seu comentário, sempre bem gentil. Seria um prazer algum dia lhe mostrar como é extraído o tucupi, da mandioca.
      Abraço, com carinho.

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  2. Corro por estas estradas de solidão. Guio o meu velho carro e, quilómetros à frente, chego à Lameirinha. Pequena povoação, de humildes casas, alinhadas como soldadinhos numa parada. Ele, o David, é ainda jovem. Tem o cabelo em carapinha e arrasta uma perna. O Destino pregou-lhe uma partida e teve um acidente vascular cerebral. Agora voltou à luta, atrás do balcão do seu pequeno restaurante que também é taberna. Por vezes, para o ajudar no negócio, lá faço 3O Km para almoçar. Quando lá chego, ele tem uma mesa junto a uma janela que é o meu local preferido para a refeição e escreve num português tosco e em letras "garrafais" : RESERVADO ...
    Bem - ditos os simples ...
    Abraço-vos (mãe e filha)

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    1. Quito,
      Hoje amanheci menos feliz. Soube da morte do meu poeta favorito, Manuel de Barros. Quando o "conheci" - e já escrevia para mim as minhas reflexões, também de forma simples - minh´alma logo percebeu que alguém mais na Terra conseguia, como eu, "escutar a cor de um passarinho"; alguém, como eu, percebia nas coisas mais simples...enorme significância.
      Fico menos feliz (não triste) quando esse tipo de ser humano se vai...porque anda tão difícil substituí-los.
      Um dos seus poemas que mais me toca é "O Apanhador de Desperdícios". Simplesmente... simples.

      "O apanhador de desperdícios

      Uso a palavra para compor meus silêncios.
      Não gosto das palavras
      fatigadas de informar.
      Dou mais respeito
      às que vivem de barriga no chão
      tipo água pedra sapo.
      Entendo bem o sotaque das águas
      Dou respeito às coisas desimportantes
      e aos seres desimportantes.
      Prezo insetos mais que aviões.
      Prezo a velocidade
      das tartarugas mais que a dos mísseis.
      Tenho em mim um atraso de nascença.
      Eu fui aparelhado
      para gostar de passarinhos.
      Tenho abundância de ser feliz por isso.
      Meu quintal é maior do que o mundo.
      Sou um apanhador de desperdícios:
      Amo os restos
      como as boas moscas.
      Queria que a minha voz tivesse um formato
      de canto.
      Porque eu não sou da informática:
      eu sou da invencionática.
      Só uso a palavra para compor meus silêncios."

      Tens um tanto de Manuel de Barros, Quito.

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  3. "Bucólica"

    A vida é feita de nadas
    De grandes serras paradas
    À espera de movimento
    De searas onduladas
    Pelo vento;
    De casas de moradia
    Caiadas e com sinais
    De ninhos que outrora havia
    Nos beirais;
    De poeira;
    De ver esta maravilha
    Meu pai a erguer uma videira
    Como uma mãe a fazer a trança à filha ...

    Miguel Torga (1937)

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  4. Uau! Que belo!
    Fez-me lembrar uma bela canção, regravada por renomados cantores (insubstituíveis) da Música Popular Brasileira (Ângela Maria, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Taiguara, Cauby Peixoto... a sempre Elis Regina...).

    Se alguma dia puderes ouvir, ouça GENTE HUMILDE.

    Tem certos dias
    Em que eu penso
    Em minha gente,

    E sinto assim
    Todo meu peito
    Se apertar.

    Porque parece
    Que acontece de repente
    Como um desejo de eu viver,
    Sem me notar.

    Igual a tudo
    Quando eu passo
    Num subúrbio,

    E muito bem
    Vindo de trem
    De algum lugar,

    Aí me dá uma inveja dessa gente,
    Que vai em frente
    Sem nem ter com quem contar.

    São casas simples
    com cadeiras na calçada,

    E na fachada
    Escrita em cima,
    Que é um lar.

    Pela varanda flores tristes e baldias,
    Como a alegria que não tem
    Onde encostar.

    E ai me dá uma tristeza no meu peito,
    Feito um despeito
    De eu não ter como lutar.

    Eu que não creio
    Peço a Deus por minha gente,
    É gente humilde
    Que vontade de chorar.

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  5. Desejo-lhe um bom fim de semana. Chegou a hora de partir para a minha velha Coimbra do Mondego. Minha mulher e meu filho mais novo me aguardam, pois esta semana estive sozinho, rodeado destas serras paradas à espera de movimento.

    Da minha Coimbra, fica este pensamento, que também é letra de fado:

    Ó Coimbra do Mondego
    E dos amores que lá tive
    Quem te não viu anda cego
    Quem te não ama não vive ...

    Até breve ...
    Quito Pereira

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  6. Gosto muito de poesia e vim aqui espreitar e deparei-me com tão belos poemas.
    " O apanhador de desperdícios" tocou-me especialmente, pelo tema, pela fluidez na palavra, no carinho da descrição e, principalmente pela verdade sã e genuína!

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    1. Alguém viajado... estudado... consegue a mais incrível das proezas: enxerga a simplicidade até nas coisas mais complexas.

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  7. Gostei de ler tudo o que por aqui passou em comentário!
    Boa noite!

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