Olás...
Há 30 anos, na data de hoje
(15/01), o Brasil elegia Tancredo Neves, primeiro presidente
eleito democraticamente, após 21 anos de Ditadura no País. Um período de dor,
de prisão, de cassação, de fechamento do Congresso e todo tipo de violência.
O Brasil iniciava uma nova
história. Estávamos sendo apresentados a uma Nova República.
Tancredo Neves venceu no colégio
eleitoral por 480 votos, contra 180 dados a Paulo Maluf, que era candidato da
situação. Aquele momento foi considerado o marco do fim da Ditadura, embora não
tenha chegado a tomar posse, porque, como sabemos, Tancredo morreu no dia 21/abril/1985.
Lembro-me do dia da sua vitória, como também o dia de sua morte. O País estava
de luto. Eu mesma caí em lágrimas e não saia da frente da TV, acompanhando o
noticiário. Era a esperança de multidões que se via ruindo. Poderia comparar à
morte de Airton Sena, ou ao recente episódio da Copa no Brasil, ano passado,
quando o Brasil sofreu 7 gols da Alemanha. A diferença, que neste recente
episódio a decepção veio
acompanhada de depredações e ofensas, o que desvirtuou todo o sentimento de
tristeza, passando a não ter o apoio da maioria. Ao contrário dos eventos
envolvendo a eleição e morte de Tancredo, tal como do Airton Sena, o País
inteiro se envolveu, numa comoção jamais vista.
No
seu discurso “O Brasil dos nossos dias não admite nem
exclusivismo do governo, nem da oposição. Governo e oposição acima dos seus
objetivos políticos...”,
Tancredo demonstrava a ideia fixa de mudar a fisionomia e o perfil do Brasil
como um todo. Não estava preocupado em fazer pontes, mas sim dar ao Brasil uma
estrutura moderna e dinâmica.
Passadas três décadas, ainda é possível, hoje, se
ter uma noção bem clara da importância daquele momento. Era o sonho do
brasileiro, uma data anunciada, o fim da Ditadura, que parecia não ter fim. Uma
Ditadura que foi aturada mais tempo do que a Ditadura anterior, de Getúlio
Vargas, que já parecia uma Ditadura muito longa.
Sem dúvida, a eleição de
Tancredo Neves foi o momento de reconciliação, de renovação. Foi uma data
importantíssima, uma data marcante, quem viveu não vai esquecer nunca esse
momento. E, quem não a viveu, que
procure resgatar a história do País.
Poder-se-ia dizer que o atual
período democrático é ainda muito jovem: apenas 30 anos. Nós ainda não vivemos
um período tão longo de Democracia, como da Primeira República. Depois da
Proclamação da Republica, se descontarmos os anos reais de governo militar,
tivemos 40 anos de Democracia. Apesar de estarmos numa Democracia consolidada,
que se acredita (mesmo considerando que é nesta Democracia que têm acontecidos
os maiores episódios de corrupção), é mais moça do que a Democracia da Primeira
República. Apesar das várias conquistas, como o voto do analfabeto, que não
existia há pouco mais de 30 anos, as eleições sem fraudes, que era muito comum
serem fraudadas, ainda temos muito a conquistar neste período democrático.
O
que foi conquistado é pouco. O poder ainda é dividido em capitanias
hereditárias. Temos ainda resquícios das oligarquias dominantes. Ainda não se
tem alternância de poder, que é uma das características da Democracia.
O
País vive o seu momento de crise: escândalos, violência nas ruas, dentro de
casa, corrupção e nos perguntamos: Democracia é isso?
Há dias, uns manifestantes –
jovens entre eles - afixavam cartazes pedindo pela volta da Ditadura. Quando um
repórter perguntou a um daqueles se sabia como era o regime da Ditadura, não
soube responder, e começou a ofender o jornalista. Parte daí as mudanças:
conhecer a história de seu País antes de reivindicar algo que desconhece. O que
existe de errado vamos tentar mudar, mas mudar com mais Democracia, com as
armas da Democracia é que iremos melhorar a Democracia. Vamos enfrentar os
problemas atuais, que adoecem o sistema democrático com mais democracia!
Porque nada é pior do que
a Ditadura. Nada é pior do que se ter um jovem na Ditadura. Nada!
Se refletirmos sobre alguns
avanços nesses 30 anos, podemos afirmar que muito foi feito na Democracia, por
exemplo: a criação da Secretaria do Tesouro, a Lei de Responsabilidade Fiscal,
o Plano Real, a criança na escola, combate à pobreza, à desigualdade, como
também a luta dos negros foram avanços dentro da Democracia.
O que teria motivado as Forças Armadas a uma
reação tão forte assim? Na opinião do jornalista, foi completamente
desproporcional ao que realmente estava acontecendo no Araguaia. Houve um
movimento guerrilheiro, organizado pelo PC do B (Partido Comunista do Brasil),
que reuniu algo em torno de 100 pessoas, e as Forças Armadas reagiram contra
isso com uma mobilização de tropas estimada em 10 a 15 mil homens. A guerrilha
do Araguaia foi o maior exemplo de resistência contra o regime militar durante
toda a Ditadura. Durou cerca de 10 anos, entre 1966 (quando chegaram os primeiros
militantes do PC do B ao local) e 1977, quando as forças de segurança
localizaram, em São Paulo, o Comitê Central do Partido. O que aconteceu ali ficou
conhecido como o Massacre da Lapa. Alguns integrantes do PC do B foram
assassinados e outros presos.
Ironicamente,
apesar de ter sido uma das resistências mais longas, o episódio é o menos
conhecido de toda essa história (fui presenteada com o Livro "Guerra de
Guerrilhas", lido "trocentas" vezes, pelo então namorado,
que sofreu alguns "castigos" por estar cantando uma canção dita
"ofensiva" ao Governo).
A luta nas matas começou em 1966, reunindo um
grupo estimado em 73 combatentes, mas o regime militar só descobriu o movimento
final de 1971. As primeiras tropas chegaram à região somente em abril/1972. E daí
os combates duraram ate janeiro de 1975. Uma resistência longa, diante dessa
força empenhada pelas forças federais. Uma resistência quase inacreditável. Uma
guerrilha completamente despreparada para a reação que ela provocou, desarmada,
mobilizada apenas pela intenção de promover uma resistência, um movimento
ideológico Ter sobrevivido a todo esse tempo é considerado, pelo jornalista,
como um prodígio.
As Forças Armadas realizaram três expedições
militares ao Araguaia: as duas primeiras em 1972 e início de 73, e a terceira em
outubro de 1973. Os primeiros movimentos militares foram completamente
desastrosos. Houve combate entre as tropas federais, sofrendo derrotas
inexplicáveis. Eram forças cheias de recrutas, pessoas despreparadas para agir
na selva, que fugiram ao som dos primeiros tiros. Um desastre! Somente na
última etapa essas forças de segurança aplicaram uma estratégia diferente.
Montou uma contraguerrilha com apenas 750 homens. Recrutou moradores locais e
envolvia mateiros, índios. Destruiu o movimento revolucionário em poucos meses.
Temos muito a conquistar, muito a se fazer. Ao
relembrarmos tristes episódios (o exposto acima é apenas parte do que foi a
Ditadura antes desse atual período democrático no Brasil), temos a plena
convicção de que também temos muito a comemorar.
Afinal, 30 anos não é pouco, esperamos que seja
permanente. Apesar de históricos de democracias na América do Sul serem frágeis,
a democracia brasileira é a menos frágil, e esperamos que se fortaleça!
Mamãe Coruja
Winston Churchill: "A democracia é o pior de todos os regimes com excepção de todos os outros"
ResponderExcluirE cito, novamente, Samuel Smiles, escritor e reformador britânico: "Semeie um pensamento e colherás um ato; semeie um ato e colherás um hábito; semeie um hábito e colherás um caráter;semeie um caráter e colherás um destino".
ResponderExcluirGanhaste ;O)
ResponderExcluirGanhamos!
ExcluirOu seja, somos uns empatas :O)
ExcluirEu não empato nada, de ninguém...
ResponderExcluirE em pato?
ExcluirIsto é o que se chama uma democracia em dueto! Passo a terceto!
ResponderExcluirSe em pato saio!
Até falta mais um para ser quarteto, como o que a Académica levou na pá nesta jornada...
ResponderExcluirSe o Quarteto em Cy canta "Desafinado", quem sou eu para afinar com essas dupla, São e Dom?
ExcluirNem é preciso. Nós desafinamos sempre.
ExcluirNão vejo assim.Mas, se João Gilberto desafinava... e gosto dele...posso gostar também de vocês dois, caso desafinem.
Excluirih ih ih
Vês, Rafael? Não está tudo perdido para nós, no mundo artístico!
ExcluirMas desenpato: eu sou o único!...para duas!!!!
ResponderExcluiruau!
Excluirrsss
Isso é só garganta, Rafaelito. A Celestita não me deixa namorar contigo, sabes bem...
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