Diário de Um Espanhol Derrotado

Olás...

Julian Ruiz, jornalista espanhol do diário El Mundo, é do tipo de pessoa que busca todos os meios e formas para justificar suas derrotas e de seus patrícios, nesses jogos da COPA. Isso é natural. Ninguém  gosta de perder. Ninguém gosta de sair fracassado de uma competição. Muito menos quando há pouco tempo a Seleção da Espanha era o centro das atenções!

Agora, creditar a derrota e a saída prematura da COPA ao calor "insuportável"  do Brasil é culpar Madre Tereza de Calcutá  por não abrigar em seu coração bondoso toda a população pobre da Índia.

Ruiz credita a má fase da Seleção espanhola à corrupção da Fifa e do Brasil, segundo esse jornalista mal (e mau)  humorado. Ora bolas, os jogadores da Seleção da Espanha foram corrompidos com propina para perderem, por acaso?

Não satisfeito, também responsabiliza anjos, santos e Deus pelo calor "insuportável" no Brasil. Raios o partam! Ele não sabia, ainda, que a COPA seria realizada em um país tropical? Por acaso pensou que por aqui cai neve?

O mais intrigante é que as seleções da Europa estão deixando a COPA bem mais cedo. E a culpa é do calor(?). Será que não é algum outro o motivo? O preconceito arraigado de que somente seleções do outro lado do Atlântico é que merecem os triunfos da Glória?!

Nessas 20 edições da COPA MUNDIAL DE FUTEBOL - o Brasil participou de todas -, os jogos foram realizados em cenários e climas bastante diversos e adversos, até mesmo com temperaturas mais elevadas daquelas enfrentadas no Brasil, ou bem abaixo de zero.

O verão na Europa chega a ser até mais insuportável, em alguns países. Prova disso é o fato de que até mesmo alguém cuspir em um pedaço de papel, após ter ingerido álcool, logo vira uma chama, daí os incêndios alarmantes nesse período, por aquelas bandas. E a culpa é do Brasil?

Exageros  meus  à parte, mas o Brasil não é o pior país do Mundo. É um GRANDIOSO PAÍS em extensão, em alegria e de um carisma próprio, de quem vive mesmo para sobreviver em um clima tropical.

Com raras exceções, as Regiões do Brasil não vivem as 4 estações do ano, como na Europa, por exemplo. Em outros continentes, essas estações podem ser três, como na Índia, ou cinco , como na China.

Na "minha" Região Amazônica a situação ainda é mais restrita. Aqui brincamos que só existem duas estações: a do calor e a da chuva. Acontece de chover dias seguidos, mas parando a chuva o sol já está ali, dizendo a que veio. Aqui as aves voam de uma asa só. Com a outra...vão se abanando. Por isso que os rios são imensos, plenos de água doce, que é para aliviar esse calor "suportável". Quando o calor incomoda... encostamos o carro em um igarapé e mergulhamos. E a viagem continua.

Na cidade mais fria do País, São Joaquim (Santa Catarina), onde a temperatura tem chegado a graus negativos, no inverno, Sr. Ruiz, lá, sim, o senhor teria um clima um pouco similar ao da Europa.  Mas nenhum dos jogos foi realizado  por lá. Como dizem os portugueses: "temos pena".

Na Região Amazônica a estação da primavera são todos os dias.  Por onde andamos e para qual ângulo focarmos nosso olhar, há flores para todos os lados. Apenas algumas espécies têm sua floração no que "supostamente" seria a nossa  Primavera, Sr. Ruiz.

Aqui, onde está a Arena da Amazônia, as folhas das árvores não caem dos galhos no Outono. Em alguma região do Brasil  até ocorre esse fenômeno. Mas aqui, não. Elas ficam lá, fincadas, suportando o calor, calor que nocauteou os jogadores das ricaças seleções da Europa.

Nada contra serem ricas e ricos também seus  jogadores,  como muitos dos nossos também se maravilham por lá, enfrentando frio abaixo de zero. E por acaso algum deles culpa o clima quando joga mal? Nunca li e nem ouvi  algo a respeito, até ter conhecimento de seu desastroso desabafo, Sr. Ruiz. 

"Este calor, esta umidade, está adulterando toda a competição, com a cumplicidade de árbitros a serviço do poder mais corrupto, onde os dirigentes só recebem o dinheiro de capitalistas brasileiros ou sultões do dinheiro como os dos países árabes.(…) É o novo futebol do Terceiro Mundo, mas com dinheiro, com corrupção”.

Quanta vergonha, Sr. Ruiz! Suas palavras, acima, são de  uma imbecilidade tamanha. De um preconceito vil e descabido, próprio mesmo de maus perdedores. Como se o Terceiro Mundo não pudesse se misturar com as "notáveis"... e desclassificadas seleções dos  chamado Primeiro Mundo.

"Mierda",  Sr. Rui(m)z,  é o que sai dessa cabeça fracassada!

Para aliviar seu desgosto, tristeza e tensão, convido-o a vir à Região Amazônica, tal como Bill Gates, Príncipe Charles e seu filho Harry, David Beckhan, Margareth Mee...etc etc etc.  A galeria de gente famosa que se hospeda nos hotéis de floresta, Sr. desavisado Ruiz, inclui príncipes, chefes de Estado,  empresários de renome, artistas e atletas mundialmente famosos. E muitas outras, passaram incógnitas por esse cenário único. Além de nós, claro!

Venha!  Convite feito. Prepararemos uma pesca noturna ao jacaré, em meio aos igapós da região, bem ao seu gosto. 

Como lazer, um mergulho no caldeirão de uma daquelas tribos indígenas bem isoladas,  que mal souberam que houve COPA no Brasil. E nem de longe sabem o que é futebol. O David Beckhan, quando lá esteve, é que lhes ensinou.

Viu, Sr. Ruiz? Veja o documentário sobre isso na BBC (Londres). Aposto que o Sr. vai aprender muito sobre o fantastic people  e o tal calor "insuportável" a que o senhor se referiu. Garanto-lhe: Com umas ticadas em jaraquis e com 500 tucumãs descascados,o senhor vai aprender a gostar deste calor, bem mais rápido do que o senhor pensa.

Hasta la vista, baby!

Mamãe Coruja