Delineei meus traços em um papel,
Para enxergar o que havia naqueles rabiscos,
Marcados a esmo, num branco que me corrompe.
Percebi, naquele autorretrato,
As marcas do tempo, retratam.
Indisfarçadas com máscaras, cosméticos.
Vejo-me há alguns anos
Nos traços do papel
Encontro meus sonhos. Enganos.
Selfie à moda antiga.
Quando pintava-me de ti.
E tuas mãos, em mim, como um pincel.
De cerdas lisas e macias,
Nos teus lábios a tinta fresca,
Coloria-me a vida. Tudo em ti era cor.
Comparo o autorretrato de hoje,
Que retrata meus dias de ontem,
Ao agora, sozinha comigo, o amanhã.
Rabisco o que há em mim.
São leves toques. Sem maquiagem.
Camuflando as cores por onde irei.
Fito-me, naqueles traços descompromissados.
Não me esforço tanto.
Há vida! E acontece ... quando menos esperamos.
Preciso saber das minhas imperfeições,
Para eu ter mais certeza de mim.
E compor o meu calar com as minhas palavras.
Não adianta me esconder,
Porque as palavras sempre me encontram.
Elas não têm o cuidado em me esconder.
Sou o meu retrato quando coisa.
Por ser incompleta, sou rica. Abastada.
Sou outros, vivo o papel de muitos.
Mas sou, especialmente, o silêncio das palavras.
.
Mamãe Coruja
Muito melhor que as selfies da moda ;O)
ResponderExcluirAchas?
Excluir:-)
Os auto retratos desenhados, não são fáceis, mas este até me parece muito bem conseguido
ResponderExcluirTinha somente a pretensão de não dizer nada, como o que escrevi, meio que a despropósito.
ResponderExcluirAlgum dia ainda me rabisco... às avessas.
Abraço
GOSTEI!
ResponderExcluirÀs avessas?Tou aqui para ver!!!
rssssssssssssssssssss
ExcluirEi-la que escreve, que desenha, que cria com a facilidade de artista!
ResponderExcluirAdmiro quem nasceu com tantos dons.
Só me calhou em sorte um Dom, como consorte...
Belo retrato!
Beijitos.
rsss....Celeste, eu já comecei rindo quando li teu comentário, sobre o trocadilho com a palavra dom e Dom.
ExcluirO teu Dom supera o meu, acredite!
São passatempos para a cabeça não ficar vazia, para não ser oficina de coisas que nada nos acrescentam. Então, "pinto e bordo".
No mais, são lições de minha mãe, e a gente vai tomando como exemplo, esperando que os descendentes possam enxergar, também, algum valor nisso. Sei limpar uma casa que fica um brinco, e sempre modifico lugares das coisas, para dar outra impressão; lavo uma roupa bem, passo bem, estudo sempre, leio sempre, escrevo sempre, amo conversar, contar piada e histórias; mas também gosto de fico quieta, observar, ficar calada... adoro plantas, (alguns) animais, música das boas. Sou vaidosa. Gosto de estar bem....Essa sou eu: pintando o 7!
Já tu, tens o dom de preservar um parceiro, o Dom, tens simpatia esbanjando, amigos...
Somos,afinal, umas mulheres cheias de dons!
Sim, não me queixo da vida, sei que tem momentos,ora voam, ora mergulham. Importante é manter a esperança com coragem e muito amor!
ResponderExcluirGostei deste autorretrato, agora descrito de forma tão sincera e transparente.
Será que algum dia já nos conhecemos?!
Um dia li acerca disso. Não tenho base científica, tampouco religiosa para explicar - até porque questiono a teorias da reencarnação, e mesmo nem sei porque a questiono. Porém, uma das explicações mais convincentes é que nossos antepassados - o teu e o meu - podem ter tido algum parentesco. Mas características genéticas, entendes?
Excluirrsssss
A minha admiração por sua mãe é sempre comentada. Gosto de todas vocês. Sempre me refiro às histórias de luta de vocês. Vocês têm uma mãe maravilhosa, guerreira, forte, sensível... de um coração estupendo. Se eu pudesse... daria o melhor para vocês, especialmente para ela.
ResponderExcluirUm beijo carinhoso.
Obrigada, querida, pelo carinho. Você é, geneticamente, uma pessoa e tanto.