14º Fragmento
Estou em todo espaço que pensares.
Envolta, como envolvida a tua derme,
Ou em cada frase que disseres.
Estou exposta, como tua epiderme.
Diz-me tudo o que quiseres,
Tanto quanto desejares.
Sou o atalho para as tuas procuras.
Estou em ti e nas palavras
Que tanto extravasa ternura.
Prendo-te aos meus anseios.
Não! Não o deixarei cair.
Ponho-te quieto, por entre meus seios.
Estarei contigo, como outrora,
Hoje e amanhã, certamente.
A qualquer tempo que se fizer hora.
Estarás comigo, eternamente.
Estou aqui. Olhas-me sem receio.
Não vês como te afago?
Sinta todos os meus sentidos,
E jamais se veja abandonado.
15º Fragmento
Por entre rios de água doce,
Em cachoeiras esculpindo as grutas.
Riachos calmos e límpidos
E em selvas de tantas aventuras.
É por lá que ando,
Pisando em solo fecundo
À espera que te encontre.
Ainda que por um segundo.
Meus olhos enxergam o verde,
Ouço cantos, como o do sabiá,
Só ainda não te vejo.
E me pergunto “quando será”?
Talvez algum dia aconteça,
De um rio cortejar o mar.
Mas oceanos são distâncias,
Que não vislumbro alcançar.
E destes sonhos me alimento.
São sonhos que sonha o poeta.
Vou vivendo em jardins férteis
Onde voam borboletas.
É assim que descanso meus pés,
De dias, longo enfado.
Adormeço, cantando algum bolero.
Acordo, penso em ti e canto um fado.
Mamãe Coruja
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