Esta "COPA" tem uma importância imensa para o
Estado do Amazonas: prorrogados, por mais 50 anos (20023-2073), os
incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus (ZFM). Os políticos, finalmente, saíram da discussão provinciana e o Brasil entendeu a importância da ZFM.
Pela votação expressiva em
primeiro e segundos turnos (60 votos favoráveis, nenhum contrário e sem
abstenções), observa-se que a classe política entendeu, enfim, a importância
desse ato para o Brasil e, quiçá, para o Mundo (e mais adiante explicarei o
porquê desta extensão mundial).
Na
primeira semana de agosto próximo, a Emenda Constitucional 20/2014 (ZFM) deverá
ser promulgada, em sessão no Congresso Nacional. As prorrogações da Lei de
Informática e das Áreas de Livre Comércio ainda dependerão de sansão da
presidente Dilma Rousseff.
Além
da aprovação dos 50 anos da ZFM, ficou estabelecida a redução do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) para o setor de informática. Pelo texto, até
2024, valerá a redução de 80%. Em 2025 e 2026, a redução será de 75%; e, de
2027 a 2029, de 70%. A extinção do benefício está prevista para 2029, dez anos
a mais que o prazo atual de vigência (2019). No caso dos bens e serviços de
informática produzidos nas regiões da Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia (Sudam) e da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene),
será mantida a redução de 95% do IPI até 2024. Em 2025 e em 2026, a redução
passará a ser de 90%; e, de 2017 a 2029, de 85%.
O Estado do Amazonas, apesar
de ser grandioso em extensão, também tem seus grandes gargalos. Distante dos
grandes centros econômicos do País e extremamente carente de rodovias intermunicipais
(o Estado tem 62 municípios), os rios têm sido o “caminho” natural, embora,
anualmente, esse caminho seja interrompido, sobremaneira, por causa do período
de seca.
Com a redução dos níveis das
águas, o transporte regular de balsas em alguns rios da região é interrompido,
dificultando o escoamento da produção agrícola e de cargas, por exemplo,
interferindo significativamente na economia do Estado. O transporte fluvial desempenha um
importante papel para o desenvolvimento sustentável da região, além de
constituir um estímulo para atividades industriais, comerciais e turísticas.
O cenário,
que para a maioria dos turistas em busca de emoção e aventura na região é tido
como espetáculo da Natureza, para os que vivem (e sobrevivem) nesse peculiar
espaço as dificuldades se apresentam todos os dias.
Sendo o Estado provido de um solo altamente fértil,
água farta durante o ano todo, ainda assim produtores rurais e o agricultor enfrentam particularidades distintas do restante do território brasileiro. Apesar de sua
grande extensão, nunca foi dada a devida importância à malha hidrográfica. O
foco dos parcos investimentos sempre foi direcionado ao modal rodoviário. Foram
construídas estradas e rodovias, como a Belém - Brasília (BR-010), Perimetral
Norte (BR - 156), Cuiabá - Porto Velho (BR - 174), Transamazônica (BR - 230),
entre outras, para servir de vetores da expansão da Amazônia. E aqui está o disparate: essa cobertura
rodoviária é restrita, sendo que menos de 10% dos municípios do Amazonas têm acesso por estradas. Além disso, em sua maioria, as
rodovias operam até hoje precariamente durante o período das chuvas e em função
da falta de conservação. Outras, em
grandes trechos, como na Transamazônica, é impossível trafegar até mesmo
montado em um lombo de um cavalo.
Abro um parêntesis para enfatizar o estado
precário dessas rodovias, vivenciado pelo ex-jogador David Beckhan. Recentemente, ele fez
uma viagem de moto pela Floresta Amazônica. Pé na lama mesmo. A expedição virou
documentário. Deu para terem uma ideia de como é sobreviver num lugar inóspito,
distante de tudo e de todos (e consideremos que Beckhan tinha todo um aparato para ultrapassar essas dificuldades).
Retomando o assunto, foco desta matéria, com a
prorrogação dos incentivos fiscais para a ZFM agora definidos, espera-se, do
Governo do Estado e de todos os órgãos que o compõem, incluindo a sociedade,
medidas que permitam estimular a implantação/manutenção de empresas do setor, o
desenvolvimento ou produção de bens e serviços, investimentos em atividades de
pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação. Mas, muito mais,
investimentos do governo federal na recuperação dessas rodovias, como uma forma
de facilitar o escoamento da produção agrícola, hoje quase ineficaz por conta
dessas adversidades.
Por
meio da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição - PEC 20/2014, e da
forma como foi aprovada, vislumbra-se arriscar – e não seria de outra maneira –
que houve um convencimento de todo o Brasil de que a Zona Franca de Manaus é o maior projeto
ambiental com desenvolvimento econômico e social. A conservação da floresta, a
importância da biodiversidade teve papel fundamental na aprovação e na
construção desse acordo, daí sua importância também para o mundo.
Aqui
temos a maior reserva de água doce do mundo. A maior floresta do mundo. O
Estado é rico em recursos naturais. Então, a preservação de todas essas fontes,
sem o desmatamento/queimada da floresta, sem a poluição dos rios muito irá
influenciar na qualidade de vida do Planeta.
Agora, é hora de muito investimento em
logística, em infraestrutura, na liberação da BR-319 (rodovia federal que liga as cidades de Manaus (AM) a Porto Velho (RO), em capital
intelectual, inovação intelectual, formação de mão de obra, laboratório,
ciência e tecnologia porque não podemos confiar só em incentivo fiscal. Daqui
pra frente, há que se pensar em produtos bons e baratos para garantirmos um
mercado no Brasil e em crescentes mercados no exterior. Podemos copiar modelos que têm dado certo, porque a concorrência está à porta.
Com essa "garantia", por mais 50 anos, recomeça o interesse de novos investimentos. Com as as fábricas operando e investindo em empregos no Estado, especialmente na capital
(Manaus), nem se cogita a não permanência desse Pólo Industrial no Estado. As consequências seriam drásticas e danosas, até mesmo para o meio ambiente. Sem emprego e sem renda, haveria uma migração maciça dessa mão de obra para a área agrícola. Em consequência: mais queimadas e mais riscos ao chamado Pulmão do Mundo.
Por isso ratifico: Todos nós ganhamos com mais esta VITÓRIA.
Mamãe Coruja
E esta Copa, sim, interessa mesmo!
ResponderExcluirInteressa muito mais. É mais abrangente. Envolve interesses coletivos, e não individuais.
ResponderExcluirE reais, para toda a vida e gerações futuras, não somente algo fugaz e virtual.
Excluir" E reais"... Mas se fosse em euros seria melhor :-)
ResponderExcluir(brincadeirinha... entendi o espírito da coisa).
Antes do Euro, tínhamos melhor protecção: um escudo ;O)
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