quarta-feira, 16 de julho de 2014

“O que estou fazendo é ético?”

Olás...





Certamente (quase) todo mundo já se fez essa pergunta: “O que estou fazendo é ético?” Mas pouco se sabe das respostas, porque cada pessoa interpreta o conceito de ÉTICA à sua maneira, adequando-o ao seu melhor interesse. Mas não deveria ser assim!

Segundo Houaiss, “ética - substantivo feminino – parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo esp. a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social.” E, ainda, por extensão do sentido, “conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade”.


Ética, portanto, está ligada à Moral, uma vez que esta é o “conjunto de valores, individuais ou coletivos, considerados universalmente como norteadores das relações sociais e da conduta dos homens” (Houaiss). Na Ética, a característica é o caráter do indivíduo. É absoluta.  A Moral são os costumes, que passam a mudar conforme o passar do tempo; ou de lugar; ou de país; ou de etnias dentro de um país. A Moral, portanto, é relativa.


Transportando à ciência a pergunta “O que estou fazendo é ético?”, passamos a refletir sobre Ética na Pesquisa Científica. E, para abordar o assunto, necessário se faz um paralelo com as Normas Mertonianas (Merton, 1942), sendo: universalidade (universalism), compartilhamento (communism), desapego material (disinterestedness) e ceticismo sistemático (organized skepticism). Trata-se da adoção, pela comunidade científica, de uma ética reguladora. 

Entretanto, esse ethos científico reflete o cotidiano do pesquisador? Esse padrão de comportamento “perfeito” não contrasta com muitos aspectos da vida pessoal e social, tornando inviável a prática plena?


Por outro lado, o particularismo (influência das localizações geográficas das instituições científicas p. ex.), individualismo, tendenciosidade (força de opiniões dominantes, p. ex.), e dogmatismo, são opostos que levam o indivíduo a ter MÁ CONDUTA. 


Em se tratando, porém, do campo científico, o que leva o indivíduo a ter má conduta? Negligência e Desonestidade seriam as vertentes que desencadeiam esse tipo de comportamento? Se sim, como ocorrem? É de forma deliberada, como fabricação de dados, falsificação de dados, plágios, pirataria (biopirataria), o uso indevido dos recursos destinados à pesquisa,  e má representação (entre tantos outros exemplos)?


Por que o indivíduo pratica essas duas vertentes - negligência e desonestidade – ? Poder-se-ia elencar algumas respostas, mas é provável que  ambição e a necessidade em obter reconhecimento e privilégios sejam as mais apontadas. Vaidade pessoal, portanto.


Estaria o ethos mertoniano (Robert Merton)  morto e enterrado?

Apesar de ter sofrido inúmeras críticas, nas décadas de 60/70, de volta ao cenário, o ethos mertoniano tem sido incluído como tema nas discussões envolvendo vários segmentos da ciência, e muito se tem debatido sobre ética na ciência e responsabilidade social, especialmente por conta dos casos recentes, como do Dr. Hwang Woo-suk Hwang, ao utilizar dados falsos em sua alegação de clonagem humana; do Dr. Phil Jones, da Universidade de East Anglia, acusado de manipular dados sobre o clima; bem como da anulação da patente da empresa do setor de biotecnologia Myrriad Genetics, que havia pesquisado e patenteado a descrição e o isolamento de um gene ligado ao câncer.


A questão da ética poderia ser estendida, neste espaço, para muitos outros ângulos, da situação mais simples: ocupar a vaga de um idoso e/ou gestante no estacionamento de um shopping, por exemplo;  ou ficar de braços cruzados observando os desmandos do governo, por achar que não gosta de Política, e então que o resto se dane; ou, na ânsia do furo de reportagem, um jornalista põe em risco mais de 10 anos de pesquisa, porque obteve informações privilegiadas de determinada  instituição científica.

Na VI Cúpula dos Brics, realizada em Fortaleza (Ce), Brasil, dos 5 (cinco) países participantes – China, Rússia, Índia, África do Sul e Brasil – a exemplo do que aconteceu na COPA (perdendo o título e o trono), o Brasil não tem lucrado com (quase) nada. Um dos focos desses encontros vem sendo a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), cujo objetivo é o financiamento de projetos de infraestrutura em países emergentes. É o que dizem. É o que propõem. É o que ainda não se viu acontecer.


Ontem, ao ouvir no rádio, enquanto me dirigia ao trabalho, que nesse VI Encontro o Brasil – leia-se a Presidenta Dilma – negociou com Putin a exploração, pela Rússia, de petróleo e gás na Amazônia, confesso que fiquei preocupada, mais uma vez.


Já não bastasse a Petrobrás ter sofrido um “abate” nas últimas “negociações” – caso de Pasadena (EUA)– agora mais esta: entrada e saída, de forma deliberada e autorizada – para que novos estrangeiros mandem na Amazônia.

Assim, a coisa russa! 


E vem à tona a questão da Ética. Até que ponto isso é ético, na Política?


É dever de todos nós, como cidadãos, a preocupação com a ÉTICA (e em qualquer campo que se aplique), porque está em jogo nossa dignidade e a confiança que as pessoas têm em nossos atos. A Ética perpassa, basicamente, pelo RESPEITO AO SER HUMANO.



Referências




http://atlas.sct.embrapa.br/houaiss2009/cgi-bin/HouaissNet.exe

7 comentários:

  1. Como assim? Não entendi.
    Nem oftalmologista sou!
    O que falei para deixar-te com as "instalações trocadas"?

    :-/

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  2. Calma, Mamãe, calma...
    Eu é que já li muito sobre ética (nos negócios, na gestão, na política,...) mas tu consegues, num texto sucinto, aprofundar muito mais o tema do que muitos estudos extensos. Aprofundas tanto que até tenho que reler para interiorizar melhor.

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  3. Mas quem perdeu a calma? Calma é meu sobrenome, sabias?

    Se foi um elogio, agradeço. Se não foi, também agradeço, porque não seria ético de minha parte aceitar somente aquilo que possa me engrandecer.
    São, cara pálida! Estás on line? Se sim, um abraço daqui, do jeito de tambaqui. rsss

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  4. Isto da linguagem escrita tem as suas limitações. A maior, quanto a mim, é não se "ouvir" a entoação com que as frases são "ditas". Depois dá nestes ruídos na comunicação. Mas - lá está - nada que não se resolva, pedindo esclarecimentos e esclarecendo. Acordei agora para ir trabalhar e recebo um abraço teu. Melhor, só se não fosse por escrito ;O)

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  5. Mas não percebi ruído algum rsss. Apenas não entendi a tua frase, em luso, "Trocaste-me os olhos", daí que indaguei. E, em ato contínuo, fiz a brincadeira a respeito de não ser oftalmologista e "instalação trocada" (vesgo/a).

    Outro abraço pra você, por escrito, em pensamento e outras formas abstratas... devido ao "córrego" que separa o lado de lá do lado de cá. rsss

    :-o)

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  6. Registe-se e arquive-se (em abstrato)

    ;O)

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