Olás...
Da janela, agora, vejo a água da chuva caindo.
O tilintar dos pingos nas telhas,
As folhagens das árvores dançam ao som do cair da água.
Olho, e vejo uma árvore caída, sendo lavada pela chuva.
Era uma das árvores plantadas ao entorno daquela casa...
A casa de uma vizinha. Daqui a vejo, bem à frente de meus olhos.
A árvore não caiu com a chuva que agora cai, da qual escuto o som batendo no asfalto.
A árvore já está caída há mais dias, desde a penúltima chuva, que veio acompanhada de ventos fortes,
E era madrugada.
Está ali. Todos os dias, ao abrir a janela de um dos meus quartos, vejo a árvore caída.
Todos por ela passam, mas parece que ninguém a percebe. A árvore caída já perde o seu verde.
Vi aquela árvore sendo plantada, anos atrás. Eu a vi crescer. Amadurecer. Ser podada várias vezes.
Também vi aquela casa cheia de gente alegre, crianças brincando na rua.
E a árvore ali, também crescendo e vivendo com aquela família.
Agora, ao admirar da minha janela a chuva que cai e ameniza o calor,
Percebo que a árvore só refletiu o que se passava com aquela família.
Um dos filhos foi o primeiro a seguir outros rumos. Logo,o outro seguiu outros, também.
Apenas ficaram o casal e aquela menina, nem adolescente era, quando a árvore ali chegou.
O pai se foi. Apaixonou-se e foi viver nova vida. Ele nunca mais veio ver a árvore que plantara.
Elas ficaram, sozinhas, mãe, filha... e a árvore.
Mas há alguns meses, da minha janela, percebo que na casa já não há mais ninguém.
O mato substituiu a família. Tomou conta da ausência de vida humana.
Agora, da minha janela, enquanto vejo a chuva parar de cair,
Dou-me conta que a árvore morreu de saudades.
Sinto tanto! Daqui consigo ouvir o seu gemer:
"Por que me deram vida, se todos foram embora, sem sequer me sararem as feridas?"
A chuva parou. Tomada estou de muita emoção, porque percebo que as famílias se rompem,
Deixam para trás histórias de adultos; histórias infantis.
Por onde anda essa gente? E essa árvore, por que ninguém a afaga?
Só eu a vejo daqui. Crianças passam por ela, vindas da escola. Gritam, riem.
Mas nada sabem da história daquela casa, da árvore.
Só eu percebo tudo isso daqui.
O carro coletor de lixo também passa por ela.Tenho receio que a levem.
Espero que alguém da "família da árvore" apareça por ali.
E se lembre o quanto aquela árvore foi importante em suas vidas.
Vou continuar a abrir a janela do meu quarto.
Vou olhar da janela a chuva cair.
Alguma raiz daquela árvore irá viver.
E contarei, aqui,outra história.
De famílias que se separam, mas permanece o bem-querer.
Obs- História real- liguei o PC enquanto chovia... e a árvore está ali. Daqui a vejo, como também a casa vazia.
Mamãe Coruja
Tão lindo o teu texto que dói, Mamãe.
ResponderExcluirFoi acontecendo, do jeito que descrevi... Em mim doeu imenso, na hora da "criação", porque há dias - quando vi árvore caída - percebi que tudo tem mesmo um FIM.
ExcluirBeijos, São.
A vida.
Excluir:-)
ResponderExcluirGostei tanto de ler o que escreveste, até por ser real e nos fazer refletir sobre a vida de todos os seres vivos!
ResponderExcluiro FIM inevitável.
Beijito, amiga.
Prazer imenso teres me dado a honra de vires ao blog.
ResponderExcluirSim, a história foi (é) real.
A árvore continua lá, caída, agora apodrecendo... Ainda ontem, ao sair de casa para almoçar, com minha (linda e querida) filha, comentei com ela sobre isso, ou seja, até a casa - que é bonita - está se deteriorando, com as intempéries do tempo.
Obrigada pelo carinho.
Bjs.