Andei descalça.
Comi fruta do chão
Criei lombrigas, anos a fio.
Vivi.
Água potável? Onde? Quando?
Infância alegre,
Brincadeiras mil.
Vivi.
Apanhei em casa
Na escola sabatinei.
Arranhões e palmatória.
Vivi.
Castigo atrás da porta,
Sem meter a cara fora.
Dormir à mesma hora.
Vivi.
Piolhos e frieiras
Coceiras, companheiras.
Furúnculos até na orelha.
Vivi.
Folha verde debaixo da língua
Com medo da nota vermelha,
Não dava certo: apanhei.
Vivi.
Banho de chuva,
Lama na roupa.
Descer a ladeira, enlameada:
Vivi.
Apontar lápis com a faca,
Pegar cola da seringueira.
Pintar o sete, afora.
Vivi.
Vivi todas essas cenas.
E outras cenas vivi.
São lampejos.
Desejos.
Que todos vivessem o que
Vivi.
Mamãe Coruja
Curioso, saber que viveste coisas idênticas às que vivi. O mundo é mesmo pequenito.
ResponderExcluirSerá que "semus" filhas do mesmo tuga que andou por estas paragens amazônicas?
ResponderExcluir:-/
Ou do mesmo índio que veio descobrir Portugal?...
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