O Estado do Amazonas tem um
valioso acervo de cantores
e compositores, mas somente poucos – quase raros -
saem do cenário artístico local, mesmo com talento
indiscutível.
Uma dessas exceções foi o Grupo Carrapicho, tendo à
frente o cantor Zezinho Corrêa. Inicialmente,
as músicas focavam o estilo
forró, em 1980, quando o Grupo iniciava
as apresentações, ficando conhecido em toda a Região Norte.
Somente a partir da década de 90 é
que o Grupo, descoberto por um produtor francês, passou a ter sucesso
internacional. E que sucesso! De
Norte a Sul do Brasil só se ouvia
o som da toada “Tic, Tic, Tac”. A
versão lançada na França tornou-se um dos maiores sucessos na Europa. Penso mesmo que foi a
partir dessa “descoberta” que o
evento folclórico de Parintins passou a
ser programa obrigatório de muitos turistas (do Brasil e do exterior), na grande festa realizada no mês de junho, dos Bois Bumbás Garantido e
Caprichoso, na ilha de Parintins.
Em 2013, quando o Grupo
completou 30 anos, foi realizado um show, no qual foram apresentadas, cronologicamente,
as músicas que fizeram sucesso, e uma
breve explanação sobre cada uma. Tive imenso
prazer em assistir Zezinho, no Teatro Amazonas. Um palco mais do que justo para
receber tamanha notoriedade. O especial momento foi a apresentação de "Tic, Tic, Tac".
Àquela oportunidade, Zezinho
contou toda essa trajetória do Grupo e trouxe ao palco, humildemente como
sempre, todos os artistas que integravam o Grupo (dançarinos(as) e toda a
banda). Foi um programa e tanto, desses que você
não quer que acabe.
Outra que merece grande destaque
é Eliana Printes. Também tive a honra em estar presente a uma de suas apresentações
“Tributo a Renato Russo”, no Teatro Amazonas. Para mim, o ponto principal foi quando cantou “Pais e Filhos” (ainda hoje me arrepio
só de lembrar da emoção). De um talento
indiscutível, todo mundo que gosta de boa música deveria ouvir “Os Presentes”, “Sabor
das Marés”, “Se chovesse você”, “Por onde você for”, e tantas outras
preciosidades. Gosto tanto de Eliana Printes, que certa vez enviei um CD dessa grande artista para um amigo, em Portugal, também ter o privilégio em ouvi-la.
Cileno é outro talento
amazonense. São dele “Www.(I Love you)” e “O amor está no ar”, mas as boas músicas não se esgotam aqui.
Márcia Siqueira dispensa
comentários. Tem a característica mais peculiar da Região: voz doce e suave,
morenice natural, cabelos lisos como das índias amazonas. Só podia ser dela “Cunhantã”,
“Amazonas Moreno” e outras.
Não poderia deixar de citar
ícones do cenário musical amazonense, como Nunes Filho, Abílio Farias, Arlindo Júnior,
David
Assayag, Chico da Silva (são tantos, e dos bons!). Peço perdão aos que não
foram citados, porque preferi que minha memória escrevesse esse texto, a
ter que ir ao Google buscar. Mas meu
respeito por todos.
Neste domingo, passeando de
carro, ouvi o CD Divina Comédia Cabocla,
de Nicolas Jr. , e confesso: ainda não
ouvira nenhuma de suas composições. Nicolas Jr. não é amazonense, e sim
paraense, mas nas letras já se pode notar o amor que tem por Manaus. São
recheadas de críticas, com as quais
concordo em sua maioria, especialmente ao que fizeram de nossa cultura. “Terra Brasil”, “A Viagem” (engraçada, mas
verdadeira, a comparação que faz entre
Amazônia e Sudeste) , “Hipocrisia”, “Parabólicas”, “Manaus”, “Nas entrelinhas”,
“Rogai por nós”... tem mais? Tomara que sim.
Bom, queria que nossas autoridades pudessem investir mais em outros talentos por aí afora escondidos, às margens desses imensos rios Amazonas e Negro, porque quase em igarapés eles não estariam mais - os talentos. E nem preciso explicar o porquê disso.
Ah! Uma observação: queridos cantores/compositores! Não enveredem pelo mundo da política. Continuem a cantar e compor belas canções... e nos deixem sonhar com as coisas boas da vida.
Mamãe Coruja
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