“Rezo noite e dia
para que estejam de boa saúde e presto obediência contínua aos deuses em
vosso nome.” A frase faz parte de uma mensagem com 18 séculos, escrita por Aurelius Polion, cidadão romano, legionário, para a sua família, por volta do ano 214 depois de Cristo
(d.C.). Embora tenha sido encontrado no final do século XIX, mas por estar
tão degradado, só recentemente o papiro foi decifrado do grego antigo e
traduzido para inglês.
O estudo do papiro foi publicado no Bulletin of the American Society of Papyrologists, e assim conhecemos que a saudade sentida é dolorida, ainda mais quando ausente de notícias da família.
"Cerca de 4000
quilómetros separam a Panónia Inferior, a província romana onde Aurelius
Polion estava colocado (hoje na região de Budapeste, na Hungria), e a
cidade de Tebtunis, a 130 quilómetros a sudoeste do Cairo, no Egipto,
onde a família do legionário vivia. Foi nos vestígios desta cidade
egípcia, dominada por Roma, que os egiptólogos britânicos Bernard
Grenfell e Arthur Hunt encontraram, no final do século XIX, este e
outros papiros", diz o Jornal Público/PT.
Em mais trechos da carta dirigida ao irmão, à irmã e à mãe, percebe-se a angústia de alguém distante sem saber notícias dos queridos. “Não
paro de vos escrever, mas vocês não se lembram de mim. Mas eu faço a
minha parte de vos escrever e não paro de vos ter presentes (na minha
mente) e de vos trazer no coração. Mas vocês nunca me responderam,
falando da vossa saúde, de como estão. Estou preocupado convosco,
porque, apesar de receberem frequentemente cartas minhas, nunca
respondem, para que saiba de vocês.”
E continua a exigir notícias
da família: “Enviei-vos seis cartas. No momento em que vocês (?) me
tiverem na mente, deverei obter uma licença do (comando) consular, e
irei ter convosco para que saibam que sou vosso irmão. Porque não exijo
(?) nada de vocês para o exército, mas culpo-vos porque, apesar de vos
escrever, nenhum de vocês (?) … tem consideração. Vejam, o vosso (?)
vizinho … Sou o vosso irmão.”
Segundo a nota, Aurelius
Polion terá pertencido a uma família de classe baixa com alguns
privilégios, mas não escreveria bem: “Ele até escrevia algumas letras do
alfabeto latino em vez do grego e usava alguma pontuação latina."
Por que lhes trago essa interessante notícia? Primeiro, para mostrar que independente do espaço de tempo, o Homem sempre teve a necessidade de não estar sozinho. A comunicação - e não importa qual o meio - escrita, falada, televisionada, gestual - faz parte do universo animal (repito: universo animal, não me referindo somente ao Homem). Segundo, para demonstrar que esse sentimento chamado S A U D A D E pode ter o impacto de duas vertentes: uma, para nos manter vivos, com a esperança de que iremos rever as pessoas queridas; outra, para lembrar das alegrias passadas pelas nossas vidas. Porque só sentimos SAUDADE das pessoas e dos fatos que nos fizeram felizes.
É assim que tento me manter esperançosa, todas as vezes que vou deixar alguém amado no Aeroporto, como ontem, para realizar o que lhe faz feliz, ainda que seja para longe de mim. E, quando for para buscar esse amado, o buscarei... para matar todas as saudades.
E, quando nao puder vê-lo... basta um toque virtual... e terei notícias. Ao contrário de Aurelius... que em dias e noites angustiantes... só tinha a sua própria companhia... e agonia.
Se nunca sabemos o depois... por que esquecemos de dizer a quem amamos o que tanto querem ouvir? Por quê?
Mamãe Coruja
Será que daqui a 1800 anos já (?) terás recebido o DiciOrdinário?
ResponderExcluirAh! Sim. eu sou um poço de otimismo.
ResponderExcluirTão logo o receba... dar-te-ei um "oi", num papiro inovado.
Eu também sou um gajo... digo, gaja de fé :O)
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