Clarice Zeitel Vianna Silva, com 26 anos, na ocasião estudante de Direito ma Universidade Federal do Rio de Janeiro/RJ, venceu o Concurso da UNESCO, tendo como concorrentes mais de 50.000 participantes.
Para quem acha que dançarinas só têm um rosto e um corpo perfeitos, aí está o contraditório desse estereótipo. Juntou, de forma simples e direta, o que a maioria dos brasileiro pensa, resultando nesse belo desabafo, o qual endosso como apreciadora da boa escrita e, acima de tudo, de saber que por aí existem pessoas que fazem a diferença.
Tema: ”
Como vencer a pobreza e a desigualdade”
Autora: Clarice Zeitel Vianna Silva
Autora: Clarice Zeitel Vianna Silva
“PÁTRIA MADRASTA
VIL"
Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência... Exagero de escassez...
Contraditórios? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.
Contraditórios? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação
mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe.
Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil, está mais para madrasta vil.
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira' Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe.
Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil, está mais para madrasta vil.
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira' Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria
da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas
para morrer de fome.
Porque a minha mãe não iria querer me enganar,
iludir.
Ela me daria um verdadeiro Pacote (grifos meus) que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade.
Ela me daria um verdadeiro Pacote (grifos meus) que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade.
Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou
tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa.
A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade.
Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar.
E a educação libertadora entra aí.
O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito.
Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura.
As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)...
Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e a desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos.
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas.
Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil?
Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil?
Ser tratado como cidadão ou excluído?
Como gente... Ou como bicho?"
A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade.
Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar.
E a educação libertadora entra aí.
O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito.
Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura.
As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)...
Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e a desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos.
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas.
Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil?
Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil?
Ser tratado como cidadão ou excluído?
Como gente... Ou como bicho?"
Apenas discordando em parte com Clarice, vejo que o Brasil precisa mais é de uma revolução cultural. O próprio peixinho que vem à boca sem terem o trabalho da pescaria, as Bolsas para (quase) tudo... são exemplos que uma grande parte, empobrecida, até prefere ficar mesmo nessa condição, a ter que enfrentar a árdua labuta diária de um número significante de famílias, que enfrentam nas lavouras, nos roçados, na seca permanente em áreas do Nordeste, inclusive, para retirar o próprio sustento.
Alguns não gostaram de terem visto "nossos problemas" expostos mundo afora. Mas uma coisa boa disso eu extraio: os nossos problemas também afetam pessoas de todas as classes e níveis. Ou seja, basta mudarmos nossa maneira um tanto passiva em aceitarmos tudo, a começarmos pela consciência do voto.
Contudo, eita Pátria Amada querida!
Como Mamãe Coruja... penso da mesma maneira que a "mãe" da Clarice. Não se pode colocar um filho no mundo, e simplesmente jogá-lo no meio dos leões, sem antes ensinado-lhes como trilhar os bons caminhos.
Contudo, eita Pátria Amada querida!
Como Mamãe Coruja... penso da mesma maneira que a "mãe" da Clarice. Não se pode colocar um filho no mundo, e simplesmente jogá-lo no meio dos leões, sem antes ensinado-lhes como trilhar os bons caminhos.
* O prêmio, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), foi recebido em Paris. A redação de Clarice intitulada 'Pátria
Madrasta Vil', foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.
Madrasta Vil', foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.
Mamãe Coruja
Pois... mas em outro momento também discordo dela "...Ser tratado como cidadão ou excluído?
ResponderExcluirComo gente... Ou como bicho?"
Considerando que nenhum "bicho" também deve ser maltratado. Nenhum!
Claro. Há ali detalhes questionáveis. Mas de forma geral está "bem bolado".
ResponderExcluirMas um amigo meu, se te "ouvisse" agora, perguntar-te-ia se te consideras uma assassina quando os mosquitos se esmagam contra o pára-brisas do teu carro :O)
Respondendo ao teu amigo, caso me perguntasse, dir-lhe-ia que não. Não sou tão ecologicamente correta quanto tentam me interpretar. Não suporto baratas, ratos, cobras...tenho horror às onças, jacarés, crocodilos...e mosquitos que teimam em zoar, insistentemente, em nossos ouvidos, principalmente quando se vai pernoitar em mata fechada.
ResponderExcluirAcontece que provocar o habitat natural desses indivíduos, apenas por puro prazer e ganância... é que não concordo, e abomino. Depois, o ser "gente" reclamam quando estão entrando sem pedirem licença casa adentro: já não tem e nem "sabem" mais onde viverem. Então, buscam as áreas urbanas... e são até feridos.
Só isso. Não sou tão "fresca" quanto eu deveria ser. Todo dia é um pouco de crescimento.
:-) ------------->>>
o ser "gente" reclama (*)
ResponderExcluirEu estava a brincar. Mas tens razão, este é um assunto bem sério.
ResponderExcluirE achas que não sei que estavas brincando?rssssss
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